terça-feira, 28 de dezembro de 2010

...03:47 AM...

Assim não dá! Tenho enfado e ira desse mau costume de insônia. Primeiro achei que fosse o aperto do sutian no peito, tirei o sutian e o sono continuou pulando longe. Deve de ser o calor, então arranco do corpo a malha fina e fresca do vestido e continuo acordada. Vou pro outro lado da cama, não adianta. Deito de lado com um travesseiro debaixo da cabeça e outro entre as pernas, esta posição dura em torno de 7 segundos. Viro de bruço com um travesseiro em cima da cabeça e o outro no traseiro. Não demora e estou novamente no outro lado da cama. Estico as pernas e quase sinto câimbra. Penso outra vez que pode ser o calor, mas a janela está aberta e meu recinto sem coberta. Mesmo com esta constatação, levanto e ligo o ventilador de teto no sentido de exaustor que significa vento pra cima, em uma velocidade mínima. Volto pra cama e começo a tentar escrever sobre o processo deste inicio de insônia. A palavra "conjectura", não sei porque, não me sai da cabeça... vivo conjecturando... Estou sentada no meio da cama, sem roupas, com um travesseiro no colo e sobre ele meu caderno de memórias - lembrei-me do "Memorial de Aires" - tenho outro travesseiro entre as costas e a parede verde do meu quarto, um corpo pesado, um estado mental inquieto, um barulho ritmado do ventilador de teto e uma vontade desgraçada de dormir sossegada. Ela é tão desgraçada que me deixa mais acesa. Acho que estou lendo muito antes de deitar. Estão nascendo novas cápsulas no lado externo da minha cabeça, entendo que são as ideias que não cabem dentro dela e que se recusam ao desmanche e a diluição. Armam acampamento no couro cabeludo mesmo... são ideias de resistência, são militantes! Minha mãe, que é de direita, disse: "Faz uma cirúrgia e tira tudo isso daí!" Eu vou deixando elas crescerem até chegar a Revolução. Cansei de ficar nesta posição. Estou com coceira nas costas num lugar que não alcanço - usei um lápis como instrumento de saciar coceira e este cumpriu com a função. Acabei de abrir a boca de sono, esqueci o nome desse movimento... que sensação estranha de não saber algo que eu sei que sei ou que soube... Como é o nome que se usa para chamar a abrição de boca quando estamos com sono? Eu sabia... e ainda acho que sei... Vou ao banheiro. Eu me vesti de camiseta branca e short de pijama vermelho com estampa de marinheiro, me olhei no espelho e daí sim fui ao banheiro. Lá teve mais abrições de boca, teve também uma centopéia cor-sim cor-não bordada na toalha de rosto que me fez lembrar da amiga chará que teve hoje em casa... tomamos sorvete na rua e refri com pizza na cozinha. Ela foi embora de ônibus e tinha inserções na passagem dela que a gente fez com caneta preta de retroprojetor. Estou escrevendo de bruço e o ombro esquerdo começou a reclamar de sustentar o resto do meu peso. Vou outra vez mudar de posição. Sentei. Olhei para um canto do quarto, acho que não devia, fiquei ainda mais acesa. Ali tenho alguns projetos de costura com retalhos, chinelos conversando sobre o verão, uma poltrona de caixa de leite em construção e um violão pedindo afinação e o toque da minha mão... Eita canto zureta, cheio de trabalho e desassossegos! Cocei a cabeça do lado esquerdo, cansada de escrever coisas vãs, vou tentar fazer o sono dormir, fechar os olhos e resistir em não abrir, até o celular despertar ás 07:07 no perfil silencioso para ser possível o fingimento de perda de hora...

2 comentários:

  1. Dorme menina!
    Muito bom o texto...
    Ah e o nome da abreção de boca é bocejo.
    Beijo do zé

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  2. Ô Zé!

    Se nessas horas eu fosse eu, dormiria... rs,rs..

    A Va, hoje cedo me trouxe a memória do "Bocejo", mas mesmo assim, valeu!

    gostei do horário do teu comentário... rs,rs..

    beijo

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