sábado, 4 de dezembro de 2010

Caquinhos de Joceana - Peça: Vila das Palmeiras

Eu sempre nunca fui nada.
Vocês nem tinham me visto, eles nem sabem meu nome.
 E olha que já faz dez anos que eu tô aqui.

Eu sou a Joceana!
A mistura do José com a Ana.

Onde eles tão?
Aqui é que não! (ri)
Morrerram! (mais risos)

Para de me olhar com essa cara porque não foi eu!
Não foi eu não!

Eu só queria saber o que acontecia. A vó dizia:
"Para com isso guria que curiosidade mata!"
Eu não quis saber eu quis era ver

Daí eu vi e metade de mim morreu.

O Doutor disse que é AVC

Acidente     Vascular    Cerebral

Acho que é o que acontece com quem vasculha demais as coisas. (riso)

Naquela época eu não tinha matado outro que não eu.
E ela me ensinou que a morte pode ser lenta, carinhosa, quase que libertadora...

"Não toma nessa xícara que é do teu pai!"

E ele tomava. Dormia cada vez mais cedo, acordava cada vez mais tarde.
Um dia não acordou mais.
Ela saiu faceira pra feira
Ninguém sabia mas eu via
Na pressa esqueceu bem do lado da xícara
O vidrinho do veneno homeopático

Quando voltou deu por conta do deslize
e num gole acabou com o liquido e com a vida.

Gastei o fundilho das calça
pra enterra aqueles dois!

E aquele povo me acusando!
Fiz bem de vir prá cá...
Aqui ninguém me vê!

E ela que acretitava que casamento era pra até que a morte separe...
Não separou! (ri)
Tá lá os dois no mesmo buraco! (mais risos)

E a gente?

A gente pode ser tudo o que quiser!
A gente pode fazer tudo o que quiser!
E até ter o que quiser a gente pode!

O dificil mesmo é saber o que se quer!

O que é que você quer?

2 comentários:

  1. td dia tenho me perguntado o q quero... e td dia descubro novas respostas. Obrigada Joceana.

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  2. re-soube ontem que a duvida traça o caminho das certezas...

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