Por ora, sou apenas alguém que inventa e usa verdades provisórias como suspensórios para as calças da paz.
terça-feira, 31 de maio de 2011
domingo, 29 de maio de 2011
ciclos
Quantas vitórias em guerras perdidas inventei nessa vida?
Uma revolução se inicia a duas páginas do fim de um livro...
Vejo que meu caminho é sempre irremediavelmente incerto
e mesmo assim
sigo o som da minha crença indômita
danço num círculo
o ciclo que só a mim pertence
e sem parar aguardo
a fertilidade da terra me parir num outro novo
Uma revolução se inicia a duas páginas do fim de um livro...
Vejo que meu caminho é sempre irremediavelmente incerto
e mesmo assim
sigo o som da minha crença indômita
danço num círculo
o ciclo que só a mim pertence
e sem parar aguardo
a fertilidade da terra me parir num outro novo
quinta-feira, 26 de maio de 2011
terça-feira, 26 de abril de 2011
Insônia parte I - Cem anos de Solidão - Gabriel Garcia Marquez
Uma noite, na época em que Rebeca se curou do vício de comer terra e foi levada para dormir no quarto das outras crianças, a índia que dormia com eles acordou por acaso e ouviu um estranho ruído intermitente no canto. Sentou-se alarmada, pensando que tinha entrado algum animal no quarto, e então viu Rebeca na cadeira de balanço, chupando o dedo e com os olhos fosforescentes como os de um gato na escuridão. Pasmada de terror, perseguida pela fatalidade do destino, Visitación reconheceu nesses olhos os sintomas da doença cuja ameaça os havia obrigado. a ela e ao irmão, a se desterrarem para sempre de um reino milenário no qual eram príncipes. Era a peste da insônia Cataure, o índio, não amanheceu em casa. Sua irmã ficou, porque o coração fatalista lhe indicava que a doença letal haveria de persegui-la de todas as maneiras até o último lugar da terra. Ninguém entendeu o pânico de Visitación . "Se a gente não voltar a dormir, melhor", dizia José Arcadio Buendía, de bom humor. "Assim a vida rende mais." Mas a índia explicou que o mais temível da doença da insônia não era a impossibilidade de dormir, pois o corpo não sentia cansaço nenhum, mas sim a sua inexorável evolução para uma manifestação mais crítica: o esquecimento. (p.47)
sábado, 23 de abril de 2011
...tomou um banho com o intuito de desapregar do corpo todo o cheiro e gosto de imundície que com ela se confundiam. Debaixo d'água via flashs dos filtros de sonhos que estampavam-se nas paredes téticas a cada farol de automóvel que passava. Não sabia decifrar as cartas enigmáticas que enviava a si mesma, então se entretia, como uma aranha a tecer uma teia, em seus mistérios, míticos, profícuos e etéreos. Perdida e encantada no labirinto de suas cores, passava horas e horas sem querer voltar... somente quando o encanto tornava-se rude e irônico é que ela percebia sua perdição e buscava em desespero a saída, que em seu imaginário seria vislumbrada a partir de um encontro doloroso com a verdade. Tinha por estratégia marcar o caminho percorrido com cacos de espelho, onde por vezes, inutilmente, tentava encontrar sua imagem e ao mirar-se tudo o que via não passava do reflexo antigo de um caleidoscópio embaçado. Cansada de buscar em si o caminho, pede com orgulho ferido o fio de Ariadne e não sem trabalho, consegue finalmente, sair de sua construção arquitetônica. Como de práxis sem alegações convincentes, ou melhor, sem nenhuma alegação, desmarca o encontro com a verdade e procura um repouso no balanço de um jardim secreto. Ali sentada passa a ouvir a vida como uma serena e desordenada canção. Ela carregava saquinhos de psicologia no bolso e ás vezes plantava essas sementes de soluções para vida alheia... e regava o solo com água imantada de certezas, depois observava paciente a rebentação dos primeiros brotos cor de verde-esperança-desbotado cobrindo o marron-vermelho da terra. Na hora da colheita ela vivia um (des)contentamento febril que descia pelo corpo inteiro em forma de gotas de suor gelado. Sabia desde sempre que não havia chá pra suas mazelas, aí se enganava docemente com mel e cogumelos que brotavam ao nascer do sol nas póstumas ruminações das vacas, que sabiamente na India são sagradas... outra vez ela mergulha em suas cores e dores eternamente num recomeço que não se repete.
terça-feira, 19 de abril de 2011
A máquina de congelar momentos quebrou. Resta-me agora apenas a memória e algumas fotografias antigas. O tempo me escapa entre os dedos provando sua independência em relação ás minhas sagradas vontades. Ele me diz que não o tenho nem para as relações instantâneas e virtuais. Eu concordo que não nos pertencemos. Vivemos aos tapas e aos raros beijos. Hoje mesmo, haverá outra briga: acordei tarde, não tomei nescafé, esperei a água ferver, sentei e tentei escrever, procurei um cd, curti um som fora do you tube e para findar o dia vou encontrar uma amiga de carne, osso, olhos, mãos e coração.
quinta-feira, 7 de abril de 2011
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