tag:blogger.com,1999:blog-82083807792052214642023-11-16T04:30:22.995-03:00TRANSGRE-SÃSCarol Rosahttp://www.blogger.com/profile/17375695106960273841noreply@blogger.comBlogger96125tag:blogger.com,1999:blog-8208380779205221464.post-7724529811181805652014-01-15T12:03:00.002-02:002014-11-12T16:27:02.275-02:00.. nos embalos da meiga breguice que toca na rima e no amor .. Não é do tipo bicho miúdo<br />
já nasce de medo mudo<br />
na íris carrega o melhor do absurdo<br />
<div>
<br /></div>
<div>
onde não há - se cria </div>
<div>
desenha, crê e segue </div>
<div>
a cartografia de sua própria utopia</div>
<div>
<br /></div>
<div>
não tem fundo, beira ou lugar</div>
<div>
mora onde o deixam entrar</div>
abrigo não sabe cobrar<br />
<br />
Muitos dizem que é um puto sem vergonha<br />
só porque não aprisiona.<br />
E o mal falado só faz bem,<br />
não priva, fere ou lesiona<br />
Ciúme e posse ele questiona<br />
<br />
É uma passagem sem tempo pelas espirais da memória<br />
Vem, Volta, Fica e Vai<br />
Volta, Vai, Vem e Fica<br />
Tece história<br />
não pergunta<br />
pouco explica<br />
<br />
Não tem personalidade<br />
não tem ego envaidecido<br />
invenção constante/efêmera<br />
de um sonho coletivo<br />
<br />
Esse bicho que é graúdo<br />
Inventado, destemido<br />
Abomina a crueldade, baixeza, inveja, barbaridade<br />
Das prisões rompe as grades<br />
e todo dia vira festa pra celebrar Liberdade!Carol Rosahttp://www.blogger.com/profile/17375695106960273841noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8208380779205221464.post-39561510884821652442014-01-15T11:46:00.002-02:002014-01-15T11:46:35.816-02:00Não terei cães, filhos ou Grandes Amores<br />
Encontrarei cães, serei mãe, viverei Amores<br />
<br />
<br />
<br />Carol Rosahttp://www.blogger.com/profile/17375695106960273841noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8208380779205221464.post-2411394073856141952013-08-07T20:59:00.004-03:002013-08-07T20:59:42.874-03:00<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;">...e disse: a vida é cruel. Quanto pior, melhor.</span>Carol Rosahttp://www.blogger.com/profile/17375695106960273841noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8208380779205221464.post-46884322472038463022013-06-24T17:51:00.001-03:002013-06-24T17:51:18.965-03:00<div style="text-align: center;">
<span style="font-size: large;">Menos critérios </span></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-size: large;">Mais "amores"</span></div>
Carol Rosahttp://www.blogger.com/profile/17375695106960273841noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8208380779205221464.post-24032081901058962082013-04-24T22:32:00.003-03:002013-04-24T22:32:20.663-03:00<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Naquele dia ela acordou nublada e molhou o mar com sua própria água salgada.</span></div>
Carol Rosahttp://www.blogger.com/profile/17375695106960273841noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8208380779205221464.post-15221374554935130852013-04-23T17:12:00.001-03:002013-04-23T17:12:09.937-03:00<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;">Será que existe vida de sobra</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;">pra criar enredos sobre o passeio</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;">público de vidas alheias?</span></div>
Carol Rosahttp://www.blogger.com/profile/17375695106960273841noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8208380779205221464.post-23316176760133829822013-04-22T14:48:00.002-03:002013-04-22T23:16:44.074-03:00Desavergonhada decisãoDe hoje,<br />
nenhuma palavra ficará soterrada, desdita,<br />
atravessada, engasgada, embolorada<br />
e cheia de pêlos.<br />
<br />
De hoje,<br />
palavras tomam sol na varanda,<br />
abrem janelas,<br />
vão à praia,<br />
percorrem distâncias,<br />
trazem pra perto,<br />
libertam.<br />
<br />
Palavras, fazem crescer o mundo;<br />
curam câncer,<br />
criam humanos,<br />
intensificam cores,<br />
tornam sons vizíveis,<br />
valorizam silêncios<br />
e comem maçãs.<br />
<br />
De hoje,<br />
palavras antigas, guardadas,<br />
sacodem o pó de suas rotas roupas,<br />
estalam os ossos e todos os dedos<br />
e ouvem perplexas de êxtase<br />
o som quase impróprio de sua própria voz.<br />
<br />
De hoje,<br />
<br />
p a l a v r a s d a n ç a r ã o...<br />
<br />Carol Rosahttp://www.blogger.com/profile/17375695106960273841noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8208380779205221464.post-72166145620426222602013-04-22T14:38:00.002-03:002013-04-22T14:41:32.234-03:00E esse vazio sem peito que vez ou outra me carrega?<br />
<br />
Pesa meus olhos que se fecham,<br />
<br />
pra alma escapulir do corpo disfarçada de oxigênio.<br />
<br />
<br />
Daí,<br />
<br />
em (des)caminhos vou pra onde não chego<br />
<br />
chego pronde não vou<br />
<br />
quem vem pronde estou nada encontra<br />
<br />
nunca estou onde estou<br />
<br />
<br />
Não nesse quarto de cama grande e vermelha<br />
<br />
onde insetos morrem de overdose<br />
<br />
e sonhos insones são mudos;<br />
<br />
não onde livros vivem em caixas<br />
<br />
e o pó espera _ sabe-se lá sobre o quê _ sob todas as superfícies.<br />
<br />
Não nessas sacolas de plástico denso,<br />
<br />
não, não em mim<br />
<br />
e não em qualquer palavra.<br />
<br />
<br />
Daqui,<br />
<br />
ouço o Mar<br />
<br />
ele fica quase aqui<br />
<br />
Mas, o Mar não fica<br />
<br />
vai<br />
<br />
<br />
Nesses dias de vazio sem peito<br />
<br />
quase como o Mar<br />
<br />
não fico<br />
<br />
Mas, ninguém escuta.<br />
<br />
<br />
<br />
<br />Carol Rosahttp://www.blogger.com/profile/17375695106960273841noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8208380779205221464.post-90163989227512652652013-04-10T22:02:00.000-03:002013-04-10T22:02:19.082-03:00dizem<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;">Um dia despropositalmente, enquanto fingia ouvir os caprichos da antiga cliente rica, ele aprendeu a arte de não estar. Não estar era múltiplo: podia ser qualquer lugar ou qualquer outro lugar, e era tão superior, confortante, real, seguro, macio e azul... que ele passou a não estar, com uma frequência apaixonada e uma obsessão ritualística. Fazia tanto tempo que ele não estava, que não estar passou a ultrapassar qualquer possibilidade de escolha. Até que um dia despropositalmente morreu. Morreu - dizem - de tanto não estar. </span></div>
Carol Rosahttp://www.blogger.com/profile/17375695106960273841noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8208380779205221464.post-85474971886027890912013-04-10T21:38:00.002-03:002013-04-10T21:38:19.757-03:00<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">TEM DIAS, SEGUNDOS, OLHARES, HORAS, BOCAS, MINUTOS, ESPELHOS EM QUE EU NÃO PAREÇO COMIGO.</span></div>
Carol Rosahttp://www.blogger.com/profile/17375695106960273841noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8208380779205221464.post-10414717156824460792012-12-10T02:43:00.001-02:002012-12-10T02:44:56.216-02:00História dos Luneiros - Eduardo Galeano<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Ossos velhos, olhos de luz gasta. Dá pra ver que tudo está amarelo. Me vejo. Lá longe me vejo, nos anos amarelos do tempo.</span></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Fui mulher de homem andarilho, sempre rodando terra. Ele e eu íamos pelos caminhos, uma sacolinha nas costas e caçando trabalho. Gastar os pés, moer ossos: cravando mourões de cerca, marcando gado, o que viesse, o que fosse. Ninguém ficava na cidade. Dois, três no máximo. E o sino da igreja, mudo, morto de sede. Até que uma vez, naquela seca grande...</span></div>
<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Estou aborrecendo você. A avó, sempre com a mesma história. Venha cá, vamos botar o feijão de molho. Não consegue dormir? Eu não durmo nunca. A vida inteira aprendendo, e ainda não sei. Chega aqui, na cozinha é melhor. A avó sabe. Para noite sem sono, para dia sem alma, é melhor. Fogão de lenha que não se apaga. Nunca.</span></div>
<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Já contei a história dos luneiros? Os que chegaram aqui. Não, eu não vi. Eles não eram de ver, não eram de pegar. Luneiros vindos no escorregador do céu Verdade verdadeira, juro pela cruz. O contrário, se você escutar dizer, não acredite. Aqui, na cidade, sei que rumorejam. Que gente humana pisou na lua, andam mentindo isso. Eu não sei ler e abusam da fé da gente. Mas subir daqui pra lá, imagine só, quem conseguiria? Eles, os luneiros, viajaram de lá para cá. Isso sim. Fica na descida, né? </span></div>
<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Amigos do seu avô. Muito cavalheiros comigo. E com o avô, claro: unha e carne. Eles não conheciam ninguém na cidade. Nós também não. Nós quase que vínhamos da lua.</span></div>
<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">O deserto. Você nunca viu. Nada, ninguém E chegou a seca grande. Com as ultimas gotas banhamos a galinha, e dizem que isso traz água Muita reza, muita vela. E nada. E então adeus, vamos para nunca mais, carregando a roupa nos ombros. Travessia de terra morta, peregrinar de retirantes. Longe, longe, como nunca. Cruzamos o rio Salgado, sujo, baixinho, e anda que te anda andando para lá, buscando verde, no contra-sol de dia, no mapa das estrelas de noite. E finalmente, foi de noite, o brilho, a aparição os trilhos do trem. </span></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Chegamos á estação mais mortos que vivos. Estendemos as moedas, as notas amarfanhadas, o vendido e o guardado, tudo: duas passagens até onde der. E tracatracatracaqueteava o trem, buúúú, buúúúúú, dia e noite, noite e dia, nós quietos e o mundo viajando, outro mundo, as árvores passavam a galope, as casas bonitas, limpinhas.</span></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">E parou. Acabou. Mandaram descer. Lá fora chovia, entramos na chuva. Parados na chuva, nós dois. De boca aberta, de braços abertos, chuva que chovia todas as lágrimas de Deus.</span></div>
<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">E entramos na cidade. Nós, feito cegos em tiroteio. O nunca visto. Gente muita e muita, e apressada. Automóveis em tropel, rugidos de bicho louco. Máquinas espantando gente, máquinas comendo gente. Tudo proibido. Nenhum lugarzinho pra gente mijar, nem para dormir. Quem sabe ler, lê: </span><i style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Proibido</i><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">. Quem não sabe, aprende na porrada, curso de pobre.</span></div>
<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Sim, rapazinho, já sei. Os luneiros, sim. Sou das que gostam de botar palavras passeando, mas me perder não me perco.</span></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Conto. Quando os luneiros chegaram, ninguém ficou sabendo. Ele estava de burro. O avô era burro de carga na padaria. Não falava com ninguém O lombo amassado debaixo de lenha, debaixo dos pães, resmungava sozinho. Burro sem rabo? Burro burro. Pele cinzenta, orelhas compridas, peludas. E levantou uma orelha, e a música entrou. A música dos luneiros, soando, tocando só pra ele. Acredite, foi assim como estou contando: a música derrubou o avô. O avô tornou a ser gente, foi salvo. O padeiro dava as sobras pra nós. Não deu mais. Gente não queria sobra.</span></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Depois ele continuou escutando. Os luneiros curaram a sua perna. A cobra estava lá dentro da perna, cobra grande, mordida funda. Tinha sido no carnaval, no corte, facão voando, longe. Historia velha, coisa de nunca acabar. A ferida se fechava, tudo bem, e um belo dia, paf, a cobra acordava, rasgava a cicatriz, cheirava mal, apodrecia. E a música entrou na perna, a música botou a cobra pra fora. De perna nova, o avô dançou.</span></div>
<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Dançar, beber, comer. Um vidão. Os luneiros queriam conhecer. Vamos lá, vamos cá. Loucos pela cidade, apreciadores de tudo. Lugares grã-finos, peles brancas, cabelos de ouro, roupas de prata, imagine só, se conseguir. Você nunca vai entrar, nunca. Cabeça chata, pobre proibido. Os luneiros sim: vento abridor de portas, e o avô vindo atrás e eu de braço dado, com passo de rainha, </span><i style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">ás suas ordens, madame</i><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">. Dinheiro?</span></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Nada. Os luneiros tocavam e ponto, nada a cobrar, nada a pagar, música, música, e a festa continua. Gente de não dormir nunca, aqueles luneiros. Gente da noite, olhos abertos. Como você e eu, pelo menos nisso.</span></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">E certa noite, se acabou. Nada de farra, nada de luneiros. Foram embora. Pra onde? Quem sabe. Ningu</span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">é</span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">m é sabedor desse segredo. </span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Estarão</span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> por aí, ou melhor, por lá, nao é mesmo?, por lá, nos </span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">céus</span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">.</span></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Como eles eram? Feito marcianos, com anteninhas? Você não esta me escutando. Ningu</span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">é</span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">m via os luneiros.</span></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">O tempo passou. Trabalho, filhos, muito cansaço. Nem soube contar os anos, nem sei dizer quantos. O que sei é que uma noite o avô dormia, e eu escutei o ruído. Assim, de repente. A música saiu do corpo dele. Pelos poros, e foi pelo ar, encheu a escuridão. Eu sacudi o avô, acordei ele. O que está acontecendo? Ningu</span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">é</span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">m entendia.</span></div>
<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Ninguém sabia. Lá dentro do seu avô havia música, a música tinha ficado lá. Os luneiros haviam deixado a música. E era muito caprichosa, só saía quando queria. E então o corpo cantava, e se acendia, luz que soava no ar. Não tinha dia, não tinha hora. Do jeito que vinha, ia. Tivemos tempo de muita música, noites de som e som, o bairro inteiro lá em casa, gente de longe, multidão Musicando amanhecia, e continuava. Com os ouvidos a gente via a música, ela tinha cores. Quem escutava, nascia. Até o ar agradecia, os pássaros se calavam.</span></div>
<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Todos os pássaros mudos, enquanto ela estava. Ela era melhor que os pássaros, os pássaros sabiam. Vinham em revoada, esticavam as orelhas.</span></div>
<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Durou quanto quis. E depois, adeus. Nunca mais voltou. Espera enorme, e nada. Nunca, nunca mais. Se acabou, se apagou. Pobre mundo sem música.</span></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Coisa linda o silêncio, sou das que gostam. Mas esse silêncio... O avô ficou de cabelos brancos, cor de leite aquela melena negra. Olha o retrato, veja só. O avô dormia. Bebia, chamava a música, dormia. Arrebentava tudo, brigava, um esparramo de garrafas, e roncava outra vez.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Morreu disso. Bêbado, chamando, chamando: morreu de música.</span></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Agora vai dormir, vai.</span></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Venha, venha, chega aqui. Traga o lampião, não durma, não. Um favorzinho só.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">A avó precisa de carta. Carteiro, eu tenho. O vizinho do lado, você sabe. Está muito doente, está morrendo. Ele se ofereceu, pessoa amável diz que leva a carta para o céu Eu agradeci, disse que não O avô no Paraíso Santo, não era. Agora, penso: Deus há de saber o endereço, a carta acaba chegando.</span></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Eu não tenho letras. Peço a você que vai na escola. Escreva aí. Eu assino, ponho o garrancho. Escreva aí ao escolhido pela lua. E depressa, que o carteiro ja está indo embora.</span></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Diga aí: não fica triste não,</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> não faz mal que você morre</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> a gente continua agarradinho.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Diga aí que nesta noite escutei a música. </span></div>
<div>
<br /></div>
<br />
<br />Carol Rosahttp://www.blogger.com/profile/17375695106960273841noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8208380779205221464.post-24029416583496394422012-12-09T23:23:00.003-02:002012-12-09T23:25:52.810-02:00Veja só, Antigo Amor:<br />
<div>
nesta tarde de domingo sem gás<br />
<div>
uso tuas meias furadas </div>
<div>
e pro almoço:<br />
só tem salada.</div>
<div>
<br /></div>
</div>
Carol Rosahttp://www.blogger.com/profile/17375695106960273841noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8208380779205221464.post-38916508550249640812012-11-26T22:06:00.002-02:002012-12-09T23:25:36.567-02:00O único risco que corro: sou eu<br />
e este conheço suficiente pra<br />
não morrer demais<br />
pra não matar de menos.Carol Rosahttp://www.blogger.com/profile/17375695106960273841noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8208380779205221464.post-12158977414291991242012-11-17T00:48:00.003-02:002012-11-17T00:48:50.226-02:00<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Gestos com ascendência em Marte</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">pulam pela janela de minha imprópria casa</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">e eu continuo presa do lado de fora</span></div>
Carol Rosahttp://www.blogger.com/profile/17375695106960273841noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8208380779205221464.post-69216096545702957162012-09-11T12:26:00.004-03:002012-09-11T12:32:59.126-03:00Aproximações<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Há tempos que este espaço não recebe algo de realmente próprio... e é engraçado notar que essa escassez de palavras me ocorra sempre justamente quando sinto ter muita coisa a dizer... A vontade de esvaziar é tamanha que torna-se uma imperiosa necessidade, mas as palavras se escondem e se embaralham tornando tudo muito indizível... Daí, quando preciso me esclarecer e encontro o processo criativo interno estéril, convido alguém pra falar por mim.. Assim, hoje Rainer Maria Rilke vai explicar de maneira muito aproximada ao que gostaria que fossem minhas palavras, sobre as razões que me motivam à escolha de Amar sem precisar Casar... o texto é um tanto extenso, mas vale muito a pena:</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><i>"Os homens com, com o auxílio das convenções, resolveram tudo facilmente e pelo lado mais fácil da facilidade; mas é claro que nós devemos agarrar-nos ao difícil. Tudo o que é vivo se agarra a ele, tudo na natureza cresce e se defende segundo a sua maneira de ser; e faz-se coisa própria nascida de si mesma e procura sê-lo a qualquer preço e contra qualquer resistência. Sabemos pouca coisa, mas que temos de nos agarrar ao difícil é uma certeza que não nos abandonará. É bom estar só, porque a solidão é difícil. O fato de uma coisa ser difícil deve ser um motivo a mais para que seja feita.</i></span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><i><br /></i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><i>Amar também é bom: porque o amor é difícil. O amor entre duas criaturas humanas talvez seja a tarefa mais difícil que nos foi imposta, a maior e última prova, a obra para a qual todas as outras são apenas uma preparação. Por isso, pessoas jovens que ainda são estreantes em tudo, não sabem amar: tem que aprendê-lo. </i></span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><i><br /></i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><i>Com todo o seu ser, com todas as suas forças concentradas em seu coração solitário, medroso e palpitante, devem aprender a amar. Mas a aprendizagem é sempre uma longa clausura. Assim, para quem ama, o amor, por muito tempo e pela vida afora, é solidão, isolamento cada vez mais intenso e profundo. O amor, antes de tudo, não é o que se chama entregar-se confundir-se, unir-se a outra pessoa. Que sentido teria, com efeito, a união com algo não esclarecido, inacabado, dependente?</i></span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><i><br /></i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><i>O amor é uma ocasião sublime para o indivíduo amadurecer, tornar-se algo em si mesmo, tornar-se um mundo para si, por causa de um outro ser; é uma grande e ilimitada exigência que se lhe faz, uma escolha e um chamado para longe. </i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><i>Do amor que lhes é dado, os jovens deveriam servir-se unicamente como de um convite para trabalhar em si mesmos (escutar e martelar dia e noite). A fusão com outro, a entrega em si, toda a espécie de comunhão não são para eles (que deverão durante muito tempo ainda juntar muito, entesourar); são algo de acabado para o qual, talvez, mal chegue atualmente a vida humana.</i></span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><i><br /></i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><i>Aí está o erro tão grave e frequente dos jovens: eles - cuja natureza comporta o serem impacientes - atiram-se uns aos outros quando o amor desce sobre eles e derramam-se tais como são com seu desgoverno, sua desordem, sua confusão. Que acontecerá pois? Que poderá fazer a vida desse montão de material estragado a que eles chamam sua comunhão e facilmente chamariam sua felicidade? Que futuro os espera? Cada um se perde por causa do outro e a muitos outros que ainda queriam vir. Perde os longes e as possibilidades, troca o aproximar-se e o fugir de coisas silenciosas e cheias de sugestões por uma estéril perplexidade de onde nada de bom pode vir, a não ser um pouco de enjôo, desilusão e empobrecimento. </i></span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><i><br /></i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><i>Depois procuram salvar-se, agarrando-se a uma das muitas convenções que se oferecem como abrigos para todos nesse perigoso caminho. Nenhum terreno da experiência humana é tão cheio de convenções como este. Há nele uma profusão de cintos salva-vidas, canos e bexigas natatórias, toda espécie de refúgios preparados pela opinião que, inclinada a considerar a vida amorosa um prazer, teve de torná-la fácil, barata, sem perigos e segura como os prazeres do público.</i></span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><i><br /></i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><i>No entanto, muitos jovens que amam erradamente, isto é, entregando-se simplesmente sem manterem a sua solidão - e a média fica sempre nisso - , sentem o peso opressivo do erro cometido e gostariam de, à sua maneira, tornar vivedouro e fértil o estado de coisas a que se vêem reduzidos. A sua natureza lhes diz que as questões do amor não podem, menos ainda do que qualquer outra importante, ser resolvidas em comum, conforme um acordo qualquer; que são perguntas feitas diretamente de um ser humano para outro, que em cada caso exigem outra resposta, específica, estritamente pessoal. </i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><i>Mas como podem eles, que já se atiraram uns aos outros e não mais se delimitam nem se distinguem, quer dizer, que nada mais possuem de seu, encontrar uma saída em si mesmos, no fundo de sua solidão já derramada?</i></span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><i><br /></i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><i>Eles agem num desamparo comum e, ao quererem evitar com a maior boa vontade do mundo a convenção que lhes ocorre (como o casamento), vão dar em outra solução menos clamorosa mas de um convencionalismo não menos mortal. Eles não têm, de fato, senão convenções em redor de si. Tudo o que parte de uma comunhão mal coagulada é convencional, uma decisão fortuita e impessoal, sem força nem fruto.</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><i>Quem examina a questão com seriedade, acha que como para a morte, que é difícil, também para o difícil amor não foi encontrada até hoje uma luz, uma solução, um aceno ou um caminho. Não se poderá encontrar, para ambas estas tarefas, que carregamos veladas em nós transmitimos sem as esclarecer, nenhuma regra comum, baseada em qualquer acordo. Na medida, porém, em que começarmos a tentar, solitários, a vida, estas grandes coisas se hão de aproximar da nossa solidão.</i></span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><i><br /></i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><i>As exigências feitas à nossa evolução pela tarefa difícil do amor são sobre-humanas e, quando estreantes, não podemos estar à sua altura. Mas se perseverarmos, apesar de tudo, e aceitarmos esse amor como uma carga e um tirocínio* em vez de nos perdermos na fácil e leviana brincadeira que serve aos homens para se subtraírem ao problema mais grave de sua existência - então, talvez, um leve progresso e alguma facilidade venham a ser experimentados por aqueles que chegarem muito tempo depois de nós - e isto já será muito.</i></span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><i><br /></i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><i>Até agora conseguimos apenas examinar sem preconceitos, objetivamente, as relações de um ser para com outro, e nossas tentativas de viver tais relações ainda não têm um modelo diante de si. No entanto, o caminhar do tempo traz mais de um auxílio para a nossa indecisa aprendizagem."</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">(Rainer Maria Rilke - Cartas a um Jovem Poeta).</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Enfim, espero, luto e escolho para que "a vida amorosa de hoje tão cheia de erros" se transforme em uma "relação de ser humano para ser humano, não de macho para fêmea. E esse amor mais humano (que se produzirá de maneira infinitamente atenciosa e discreta num atar e desatar claro e correto) será como "um amor que consiste na mútua proteção, limitação e saudação de duas solidões."</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
Carol Rosahttp://www.blogger.com/profile/17375695106960273841noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8208380779205221464.post-53485585188727051322012-09-06T16:46:00.001-03:002012-09-06T16:46:17.831-03:00http://polvoraepoesiaba.blogspot.com.br/p/espetaculo.html<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjJBG-t3UvsvammQE_PjzNGPk5Gpt8FtzTG8Iy8lRZ-lH7DCqmoJal-yZyS7EvInGjDtoUxuWUR8G8fyJfSFJ6Px-F5FKl6uRwCnX5MeE90bw3KZDmcpgPCYFvnUz0Drv2KskHiq0OKDX8/s1600/polvora.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" hea="true" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjJBG-t3UvsvammQE_PjzNGPk5Gpt8FtzTG8Iy8lRZ-lH7DCqmoJal-yZyS7EvInGjDtoUxuWUR8G8fyJfSFJ6Px-F5FKl6uRwCnX5MeE90bw3KZDmcpgPCYFvnUz0Drv2KskHiq0OKDX8/s400/polvora.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Espetáculo: Pólvora e Poesia.</td></tr>
</tbody></table>
<div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;">
</div>
Carol Rosahttp://www.blogger.com/profile/17375695106960273841noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8208380779205221464.post-24184952645782855252012-07-17T16:16:00.002-03:002012-07-17T16:16:33.516-03:00Os registros são apaziguadores das traições da memória.Carol Rosahttp://www.blogger.com/profile/17375695106960273841noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8208380779205221464.post-20471450953188244372012-07-11T10:57:00.000-03:002012-07-11T11:04:40.845-03:00El Esquizofrénico - Calle 13<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<object class="BLOGGER-youtube-video" classid="clsid:D27CDB6E-AE6D-11cf-96B8-444553540000" codebase="http://download.macromedia.com/pub/shockwave/cabs/flash/swflash.cab#version=6,0,40,0" data-thumbnail-src="http://1.gvt0.com/vi/8PhHvRLha_E/0.jpg" height="266" width="320"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/8PhHvRLha_E&fs=1&source=uds" /><param name="bgcolor" value="#FFFFFF" /><param name="allowFullScreen" value="true" /><embed width="320" height="266" src="http://www.youtube.com/v/8PhHvRLha_E&fs=1&source=uds" type="application/x-shockwave-flash" allowfullscreen="true"></embed></object> </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
Mi nombre es John Alejandro y soy esquizofrénico</div>
<div style="text-align: center;">
No soy nada de atractivos mucho menos fotogénico</div>
<div style="text-align: center;">
Mi mejor amigo es un payaso que me aconseja</div>
<div style="text-align: center;">
tiene ojos de rana y vive dentro de mi oreja</div>
<div style="text-align: center;">
él habla mucho y a veces se molesta</div>
<div style="text-align: center;">
y cuando le pregunto cosas casi nunca me contesta</div>
<div style="text-align: center;">
pero él da la vida por mí y yo doy la vida por él</div>
<div style="text-align: center;">
también sabemos que hay un desnivel</div>
<div style="text-align: center;">
dentro de nuestro redondel</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
la gente piensa que yo estoy enfermo</div>
<div style="text-align: center;">
porque corro por la ciudad con mi cuaderno</div>
<div style="text-align: center;">
hablando con los perros con pantalones cortos y unas botas de</div>
<div style="text-align: center;">
vaqueros</div>
<div style="text-align: center;">
un paraguas en la mano y un sombrero de torero</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
pero no estoy mal del todo también hablo con la gente</div>
<div style="text-align: center;">
digo muchas mentiras para jugarle con la mente</div>
<div style="text-align: center;">
me gusta dar mal las direcciones del camino</div>
<div style="text-align: center;">
para que la gente siempre llegue tarde a su destino</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
ando con dos hadas madrinas volándome por encima</div>
<div style="text-align: center;">
cargando jeringuilla repletas de vitaminas con morfinas</div>
<div style="text-align: center;">
hasta que mis venas se inunde</div>
<div style="text-align: center;">
pues me la paso haciendo muecas y la gente se confunde</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
perdóneme si me estoy riendo demasiado</div>
<div style="text-align: center;">
es que ayer se murió mi madre y me botaron del trabajo</div>
<div style="text-align: center;">
debo 6 meses de renta en mi cartera ni un centavo</div>
<div style="text-align: center;">
y no me baño desde octubre del año pasado</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
tengo mi cuerpo todo cicatrizado</div>
<div style="text-align: center;">
con cortaduras profundas y quemaduras en primer grado</div>
<div style="text-align: center;">
pero no es nada grave nada delicado</div>
<div style="text-align: center;">
es que nunca me doy cuenta porque me la paso todo el día anestesiado</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
me gusta caminar solo así hablo con el viento</div>
<div style="text-align: center;">
nunca he tenido sexo como una monja en un convento</div>
<div style="text-align: center;">
tranquilo aunque se que puedo explotar</div>
<div style="text-align: center;">
de manera repentina como una mina en la segunda guerra mundial</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
soy un psicomaniático antisocial</div>
<div style="text-align: center;">
luego de saludarte me lavo las manos con jabón antibacterial</div>
<div style="text-align: center;">
soy un paciente mental lo admito</div>
<div style="text-align: center;">
pero eso no te da derecho a mirarme de reojo</div>
<div style="text-align: center;">
y a tratarme de lejitos</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
ven acércate no te voy hacer nada</div>
<div style="text-align: center;">
lo que parece sangre en mi camisa es salsa de tomate derramada</div>
<div style="text-align: center;">
ven amiguito acércate aquí las tijeras que traigo son para</div>
<div style="text-align: center;">
cortar el jardín</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
Soy un asesino en serie, como los de miniserie</div>
<div style="text-align: center;">
Detrás de la puerta, colecciono gente muerta</div>
<div style="height: 42px; text-align: center;">
Para poder matar el hambre, desayuno cereal con sangre</div>
<div style="text-align: center;">
No tengo familia, porque maté a mi familia</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
A veces vienen doctores a visitarme</div>
<div style="text-align: center;">
Con disfraces de fantasmas a tratar de alegrarme</div>
<div style="text-align: center;">
Porque sufro de trastornos ayer metí mi gato en horno</div>
<div style="text-align: center;">
Y su rabo me lo colgué en el cuello de adorno</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
Cuando me dan los episodios empiezo a sudar sodio</div>
<div style="text-align: center;">
Y grito muy fuerte para poder sacar el odio</div>
<div style="text-align: center;">
También me dan miedo las sombras</div>
<div style="text-align: center;">
por eso no me atrevo a ir al baño</div>
<div style="text-align: center;">
Y me orino en la alfombra</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
Es normal yo solo tengo 13 años</div>
<div style="text-align: center;">
Todavía corro bicicletas y no hablo con extraños</div>
<div style="text-align: center;">
Pero si no tomo mis medicinas durante el año</div>
<div style="text-align: center;">
Todos los días sueño con poder hacerte daño</div>
<div style="text-align: center;">
Picarte en pedacitos con estas mismas tijeras</div>
<div style="text-align: center;">
Meterte en bolsas plásticas y guardarte en la nevera</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
No se asusten hoy me tome mis medicamentos</div>
<div style="text-align: center;">
Estoy de buen humor bien contento con buen aliento</div>
<div style="text-align: center;">
Yo se que llevo cara de serio pero estoy contento</div>
<div style="text-align: center;">
Ahora mismo voy a jugar con mis amigos en el cementerio,</div>
<div style="text-align: center;">
De hecho estoy enamorado de unos de mis amigos</div>
<div style="text-align: center;">
Hace un año murió sin dejar rastros ni testigos</div>
<div style="text-align: center;">
Es una niña hermosa con la cara color violeta</div>
<div style="text-align: center;">
Todas las noches me acompaña a correr bicicleta</div>
<div style="text-align: center;">
Ella no habla por que es sordomuda</div>
<div style="text-align: center;">
Y Por eso la gente piensa que estoy hablando solo y que</div>
<div style="text-align: center;">
necesito ayuda</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
Soy un asesino en serie, como los de miniserie</div>
<div style="text-align: center;">
Detrás de la puerta, colecciono gente muerta</div>
<div style="height: 42px; text-align: center;">
Para poder matar el hambre, desayuno cereal con sangre</div>
<div style="text-align: center;">
No tengo familia, porque maté a mi familia (X2)</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<br />Carol Rosahttp://www.blogger.com/profile/17375695106960273841noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8208380779205221464.post-70919889581479325082012-05-08T23:49:00.001-03:002012-05-08T23:49:33.635-03:00fase bocó - parte IVocê é como um feijão preto no dente. Todo mundo vê você ali. Mas nessas horas minha vergonha não fala comigo. Daí sigo alheia sem saber que todo mundo já sabe. Meu fingimento disfarçado de Carmem Miranda, meu coração em corda bamba, as pernas num saculejo de samba... Você ali tão online e eu aqui nesse quase quarto tentando fazer crescer a solidão e torcendo pra não morrer de banzo. O que foi que nos desaconteceu?Carol Rosahttp://www.blogger.com/profile/17375695106960273841noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8208380779205221464.post-30248279348388588742012-03-08T02:25:00.000-03:002012-03-08T02:25:16.102-03:00<div style="text-align: center;"><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-large;">"Não há remédio que cure o que a felicidade não cura."</span></div><div style="text-align: center;"><strong>(Gabriel Garcia Marques - Do Amor e Outros Demônios)</strong></div>Carol Rosahttp://www.blogger.com/profile/17375695106960273841noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8208380779205221464.post-18725897872043507082012-03-01T20:35:00.000-03:002012-05-08T22:53:05.627-03:00novo serdepois de você <br />
nada mais me agrada.<br />
Já não escrevo nada..<br />
<br />
nada além dessas rimas piegas<br />
desprovidas de graça<br />
que aqui se enroscam<br />
toda madrugada<br />
a chave está comigo<br />
e a casa é sua<br />
<br />vivo vivendo a perguntar<br />
sobre todas as coisas que <br />
já não me conhecem<br />
<br />
o tempo passa <br />
você me esqueceCarol Rosahttp://www.blogger.com/profile/17375695106960273841noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8208380779205221464.post-65391570102863893292011-11-10T15:02:00.000-02:002011-11-10T15:02:38.661-02:0040 graus de lembrançaSob um sol de raio x<br />
Sento num banco<br />
de trafego urbano<br />
e revisito teu corpo <br />
palmo a palmo<br />
<br />
lentamente...<br />
<br />
lentamente...<br />
<br />
A epiderme liquidifica-se<br />
evapora<br />
e te encontra,<br />
<br />
te envolve<br />
em dança<br />
num abraço<br />
quente<br />
<br />
tal qual a fumaça<br />
que lançamos<br />
ontemCarol Rosahttp://www.blogger.com/profile/17375695106960273841noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8208380779205221464.post-45835389091096480922011-11-04T13:28:00.001-02:002011-11-04T14:44:33.431-02:00sem títuloSem planos de despertar <br />
caiu o corpo de sono<br />
nas primeiras horas <br />
de uma madrugada<br />
<br />
Sem convites, o sol do meio-dia<br />
bate à janela.<br />
Ela abre os olhos, expõe a retina,<br />
reclama sem pesar a hora perdida.<br />
<br />
Sem roupa, vaga pela casa<br />
abrindo portas,<br />
feridas<br />
e janelas...<br />
<br />
Sem partituras<br />
tira com suave fúria<br />
o som impuro<br />
das garrafas vazias que<br />
sobre a mesa permanecem.<br />
<br />
Sem proteção,<br />
no lixo, <br />
constantes cacos de vidro<br />
objetos de erros perdidos<br />
que sem reflexo<br />
espelham<br />
caminhos de (des)constituição <br />
<br />
Sem culpa surgem respostas<br />
pra nenhuma pergunta<br />
sobre o que foi<br />
e o que virá<br />
<br />
Sem ir ao trabalho<br />
ela sem pressa e<br />
sem demora<br />
interroga <br />
o presente e o passado:<br />
<br />
O que me tornei?<br />
<br />
Sem coleira <em>o cão sem plumas</em><br />
responde com olhar de torpa<br />
canção:<br />
<br />
ser sem eira<br />
ser sem beira<br />
ser sem lei<br />
e sem pecados<br />
que rega com prazer<br />
seus doces frutos errados.<br />
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: x-small;">obs: cão sem plumas = apologia ao poema "O cão sem plumas" de João Cabral de Melo Neto.</span>Carol Rosahttp://www.blogger.com/profile/17375695106960273841noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8208380779205221464.post-85676408192019183962011-10-18T03:12:00.000-02:002011-10-18T03:12:09.678-02:00Pequeno Sorvo de Vida AlheiaNo penúltimo outubro do fim de um mundo<br />
Madruga com a chuva um velho vagabundo<br />
Sem camisa<br />
Sem camiseta<br />
Barriga inchada de tanta cerveja<br />
<br />
Na cama pequena de um hotel barato<br />
Divide sem tratos<br />
seu cheiro, seu gosto,<br />
seu espinho de cactos<br />
<br />
Depois no banheiro<br />
em gozo semântico<br />
chora o velho<br />
sem saber<br />
a primeira morte<br />
do último romântico.<br />
<br />
(ou não..)Carol Rosahttp://www.blogger.com/profile/17375695106960273841noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-8208380779205221464.post-14943292945184350662011-10-13T14:56:00.000-03:002011-10-13T14:56:43.758-03:00<div style="text-align: center;"><span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace; font-size: x-large;"><strong>NãO</strong></span> </div><div style="text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: x-large;"><em>consiGo trabAlhar</em></span> </div><div style="text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace; font-size: large;"><em><strong>CoMigo</strong></em></span></div>Carol Rosahttp://www.blogger.com/profile/17375695106960273841noreply@blogger.com1