Um dia despropositalmente, enquanto fingia ouvir os caprichos da antiga cliente rica, ele aprendeu a arte de não estar. Não estar era múltiplo: podia ser qualquer lugar ou qualquer outro lugar, e era tão superior, confortante, real, seguro, macio e azul... que ele passou a não estar, com uma frequência apaixonada e uma obsessão ritualística. Fazia tanto tempo que ele não estava, que não estar passou a ultrapassar qualquer possibilidade de escolha. Até que um dia despropositalmente morreu. Morreu - dizem - de tanto não estar.
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