Os solitários são solidários
mas aos homens comuns isto é hilário;
acostumados a tirar tudo de todos
desconfiam de quem ofereça
algo que não seja esmola
Para eles quem anda só é só ladrão.
Proclamam em alto som:
- Nada de bom pode dar a solidão!
Assim caminham tão próximos que chegam
a esquecer quem são.
Sugam-se mutuamente até tornarem-se
o pó do chão.
Eles vivem em mutilações recíprocas
e pedem incessantemente pela vida alheia.
Sobre estes homens assim falou Zaratustra:
"Um procura o próximo porque
se procura a si mesmo;
outro porque gostaria de se perder.
Vossa malquerença por vós mesmos converte
vossa solidão em cativeiro" (Nietzsche)
Portanto eu vou embora
preciso de solidão.
Não posso ficar muito tempo
nesse aconchego que é você.
Receio começar os pedidos,
que são por demais excedidos.
Aliás, todo pedido é demais!
A distância salpicada por breves e bons
encontros, pode ser a melhor forma
de não perdemos o que somos.
Nos damos sem pedir,
tudo o que queremos dar
e isto basta!
Neguemo-nos ao gozo medíocre e comum
de ver o outro rastejar.
Não há nada a superar que
não seja a nós mesmos.
E assim falou Zaratustra:
"Foge, meu amigo, para tua solidão.
Vejo-te aqui atacado por moscas venenosas.
Refugia-te onde sopre um vento rijo e forte!
Foge para tua solidão." (Nietzsche)
e
"De vós que vos escolhestes a vós mesmos,
deverá surgir e crescer um povo eleito,
do qual nascerá o super-homem." (Nietzsche)
a solidão assusta os que não suportam a escuridão ou o excesso de luz. Todos se aglomeram e se aninham como vermes mesmo... E quando uma onda grande surge, atinge todos ao mesmo tempo, os que estão no mesmo tempo... Entenda-se solidão não como isolamento, mas como ocupação de um terreno vazio, exploração do mapa e da rota, quebra de lanças, pulo no abismo... Como pular no abismo senão sozinho?
ResponderExcluirabraço!