...ele estava acabado, gordo, despenteado, esparramado num banco duro de um ponto de ônibus. Jogava fumaça no ar num fim de noite com chuva. O ônibus demora a chegar e nem a música lhe faz companhia, acabou a bateria da sua tecnologia. Seus pensamentos são suicidas mal se formam e se precipatam do último andar da vida que um dia teve. O que tem pra comer na geladeira? Há certo resto de almoço? Eu vou até o terminal ou desço em algum caminho?... A espera é uma coisa a toa que sentou do lado dele e ficou a se espelhar. Ele quis desenhar mas teve preguiça de abrir a mochila. Os desenhos que nunca foram feitos são perfeitos e nunca são vistos mais que uma vez... então ele tenta parar de querer. Meninas são bonitas e agora nenhuma lhe dá bola. O ônibus chegou, ele entra sem perceber e senta e vai... quando nota já está em casa na frente do pc... vai varar a madrugada conectado... com seu perfil alternativo cheio de vídeos e sons, ali ele é bem mais visto e acessado do que pessoalmente. Tem a superfície como meta e o raso pra ele é profundo... por fim o sono o abraça. Ele dorme porque não ouve o próprio ronco. Esquece de tudo o que não passou, sonha em fazer as pazes com a solidão mas a noite é breve... Acorda fadigado e mau-humorado, procura uma meia em baixo da cama e encontra quebrado o retrato de uma felicidade antiga. Junta os cacos num canto do quarto e vai trabalhar com um sorriso nostálgico. Ele agora beira a paz.
muito bom...
ResponderExcluirCarolzinha querida
ResponderExcluirLi, lembrando da nossa conversa no café do Giassi. Vc é porreta, heim!