Eu vejo!
Ora, o que eu vejo?
Em teu olhar um instante de desejo,
lábios vacilantes, dissimulações,
sinais que forjam constelações.
Vejo os retratos guardados,
de um tempo que se foi
e permanece como recalque,
como fragmentos oníricos,
distocidos e recorrentes.
Vejo o que me escapa aos sentidos.
E a imagem é mais nítida quando os olhos são fechados.
Há infinidades de coisas, somente assim visíveis.
A saber:
um filho ainda não nascido;
os cantos e as cores de uma casa que ainda não existe;
um passarinho verde trazendo notícia boa ou triste;
um desenho que se quer desenhar;
o sorriso de alguém que já morreu;
o rosto e o gosto de um amor que não chegou;
a satisfação de um futuro trabalho;
um brinquedo da infância;
o próximo encontro com uma amiga;
o fim de um plano não tecido;
o sol num dia de chuva;
a revolução em pleno mutantis capitalis;
tua distância esperando meu encontro...
Eis um pouco de tudo que só vejo sem olhar.
De olhos fechados ouço feliz, tudo que teu silêncio diz.
E em resposta a tua proposta, digo medrosa:
Fica pra próxima!
Que lindo isso carol!
ResponderExcluirum beijo grande do zé.