Cheiro bom de chuva e luz...
A insônia debruçada na janela,
e eu aqui, a conversar com ela.
A panela do mundo foi mexida,
está tudo revirado, revolto e solto.
O gosto musical de alguns
é grande tormento para outros.
A madrugada pede silêncio.
Um cão latiu e o pedido ninguém ouviu.
O barullho segue sua marcha sem destino.
Cada vida compõem um pouco do som,
que até agora não é bom.
Já passou das 3h e a rua tem sido com
constância pisada... por aqueles que não dormem,
por aqueles que não sonham.
O silêncio pede nova reinvindicação à madrugada,
que por sua vez dorme com a ignorância do barulho,
enganada e embalada por um sentimento de missão cumprida...
Eu ainda falo com a insônia num dialecto novo e desconexo,
coisas sobre:
As teimosias do sono,
as irrelevâncias das dores,
a ousadia das cores,
o paradoxo do sexo e dos amores,
a necessidade das lutas,
os gostos do café e da arte...
Enfim... a vida esmigalhamos em partes.
Enquanto isso o roxo das olheiras,
segue a ser feito na paleta de minha face.
E a aurora virá generosa, com um grande e fofo
travesseiro de camomila,
fazendo-me trocar a noite pelo dia
sem culpa ou melancolia.
O que fazia acordada quando deveria estar dormindo? Delirando poesias? Pensando as loucuras do mundo? Questionando o sono? Insônia é coisa de quem não trabalha! Malditos poetas do mundo que desorganizam as coisas que com tanto esforço foram ordenadas por nós, medíocres moralistas canalhocratas conservadores! Poeta maldita, deixe o sono para a noite, o trabalho para o dia, a miséria para os muitos e a fartura para os poucos! Quer dormir tranquila? Então não questione! É melhor que valium! Certo estava Platão, quando disse que na república não há lugar para poetas!
ResponderExcluirBom... nestas condições, prefiro a negação da tranquilidade do sono a deixar de questionar... ou seja, escolho dar-me continuidade... rs,rs,rs...
ResponderExcluirgrande abraço!